Introdução

Decidi fazer 40 dias de oração inspirando-me na Bíblia, pois tudo o que é fundamentado na Palavra de Deus é mais fácil de ser colocado em prática. Observei, nos meus atendimentos, que as pessoas têm em perseverar em uma vida de oração e que muitos sequer conseguem fazer uma novena, ieto é, 9 dias de oração; e, em um mundo onde todas as máquinas fazem as coisas com rapidez, nosso interior acabou fazendo o mesmo: não temos tempo de parar e contemplar a natureza ou brincar com uma criança, e para tudo o que fazemos, queremos uma resposta imediata. Posso afirmar, então, que as pessoas não têm mais paciência para orar e esperar o tempo do Senhor.

Diante disso, nesses atendimentos, comecei a traçar metas e a dar, a cada uma dessas pessoas, uma disciplina orante, e essa prática deu certo. Percebi o quanto cada uma descobriu a beleza que há no seu interior e que rezar com determinação e fidelidade levou-a a uma conversão e a experiências profundas de intimidade com Deus.

A decisão de usar como base o livro do Êxodo foi em razão de nele narrarem-se os 40 dias e 40 noites em que Moisés passou no monte (Ex 34,28-34). O número 40 indica um tempo necessário de jejum e preparação de uma pessoa para algo novo que vai acontecer. Jesus, por exemplo, começou sua evangelização pública após se preparar durante 40 dias em jejum e oração. De acordo com a Bíblia, segundo Lc 4,1-15, Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, e lá foi tentado pelo demônio durante 40 dias. Após vencer as tentações, Jesus estava cheio da força do Espírito Santo. A oração, o jejum e as penitências nos enchem de força e coragem para vencermos os desafios diários. Transformamos, assim, o ordinário em extraordinário.

Na Bíblia, o número 40 aparece tanto no antigo testamento quanto no novo, em diversos contextos;

  •  40 dias e 40 noites do dilúvio (cf. Gn 7,4-12);
  •  40 dias e 40 noites que Moisés passou no Monte (cf. Ex 24,18);
  •  40 anos de peregrinação do povo de Deus pelo deserto (cf. Nm 14,33; 32,13 - Dt 8,2; 29,4);
  • 40 dias em que Jesus jejuou antes de começar seu ministério (Mt 4,2; Mc 1,12; Lc 4,2);
  • 40 dias entre a ressurreição e a ascensão de Jesus (cf. At 1,3);
  • 40 chicotadas eram dadas a alguém que errava, como forma de correção (cf. Dt 25,3);
  • 40 chicotadas menos uma que Paulo recebeu cinco vezes (cf. 2Cor 11,24).

Há no livro sagrado várias passagens em que Deus escolhe determinadas pessoas para uma missão específica, e estas, a partir de então, passam a ser instrumentos nas mãos dele. Encontramos narrativas de homens que abriram o mar; que fizeram com que da rocha brotasse água; que fizeram com que do céu caísse fogo; que curaram enfermos com o toque de suas mãos ou, até mesmo, com sua sombra; que expulsaram demônios; que ressuscitaram mortos; ou que multiplicaram alimentos.

Encontramos também, exemplos de pessoas que receberam a força divina por meio da prática do jejum: Moisés, (Ex 34,28), Elias (1Rs 19,8) e o próprio Cristo (Lc 4,2), que jejuaram 40 dias; e Paulo, que jejuou durante 3 dias (At 9,9). Essas pessoas, depois do período de jejum e de noites em oração, voltavam fortalecidas e dispostas, pois o sustento delas foi o Senhor Deus.

Seguindo esses exemplos, só podemos crescer em uma espiritualidade madura, com disciplina e perseverança em nossos propósitos. Faço votos de que este livro te cumule de riquezas espirituais na prática orante e disciplinada da oração.
__Irmã Zélia

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